Oi, alguém ainda lembra que viajei para Machu Picchu e adjacências? Pois eu lembro que prometi falar mais sobre a viagem aqui, mesmo que isso signifique discursar 4 meses depois de voltar. Bem, ok, vocês sabem que velocidade para contar as coisas não é o meu maior forte…
Esta é a segunda parte sobre meu rápido mochilão de uma semana pelo Peru e pela Bolívia, passando por Machu Picchu. Perdeu a primeira parte? Veja aqui.
Palácio da Justiça de Puno
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Dando continuidade aos solavancos onde eu havia parado no primeiro post, seguimos por mais algum tempo até chegarmos a Puno. Não me lembro mais exatamente quanto tempo, mas qualquer coisa pareceria muito para mim, que não estava num lugar nada legal na vanzinha.
Depois que passamos a fronteira com a Bolívia e adentramos o Peru, o asfalto melhorou consideravelmente, tenho de ser justa, e quando chegamos ao hotel que providenciou nossos passeios, finalmente pudemos relaxar por uns cinco minutos. Ir ao banheiro foi um procedimento complexo, já que o rapaz do hotel não estava muito afim de deixar não-hóspedes irem até lá, mas com um pouco de, digamos, eloquência, você consegue se impor com esse pessoal que muitas vezes desrespeita o turista, afinal, oi? Estávamos pagando os passeios (!).
Dramas à parte, almoçamos, tomamos a tal Inca Kola (que é gostosinha por sinal, mas tem de ser gelada!) e seguimos numa outra van (agora confortável) até as lanchas que nos levariam aos passeios pelas Islas de Uros.
Inca Kola
As Islas de Uros são ilhas artificiais criadas com raízes de plantas pelos habitantes locais para que estes morem no lago Titicaca. É um costume ancestral e é incrível como as ilhas flutuam mesmo (!), com um chão fofinho de caules que lembram bambu e sem ficar molhado. Apesar da aparente “secura”, as tendas e cabanas ficam expostas ao tempo e acabam sofrendo infiltração, de forma que todos os habitantes destas ilhas sofrem de artrite prematura: por volta dos 35, 40 anos eles já tem de iniciar um tratamento reforçado para cuidar de suas articulações que sofrem com a umidade.
A pergunta que não quis calar é porque estas pessoas continuam morando desta forma, sendo que a cidade é estruturada, mas a resposta é simplesmente uma questão de hábito e costume antigo. É uma das grandes marcas culturais desta cidade e o governo se preocupa em manter o estilo de vida destes habitantes, ajudando-os inclusive com transporte fluvial para as crianças irem à escola todos os dias, assim como no Brasil existem programas de proteção à cultura indígena. Nas ilhas, eles plantam quase tudo o que consomem, pescam e fazem artesanato, sendo que muitos artefatos são vendidos aos visitantes.
Guia turístico e moradores explicam como são “fabricadas” as ilhas artificiais
Depois de dar uma volta pela ilha e de receber desejos de “boa sorte” dos moradores, voltamos para Puno e logo seguimos viagem para Cuzco, uma das maiores cidades do Peru e o cantinho mais charmoso pelo qual passamos. Inclusive, se hoje eu fosse “refazer” a viagem, pularia a Bolívia, pularia Puno e me concentraria em Cuzco, Machu Picchu e incluiria a capital do país, Lima.
CUZCO
A Plaza Mayor de Cuzco
Em Cuzco tínhamos reservado um albergue no melhor estilo hostel tradicional, o Pirwa, com jovens, gringos and all that shit. Explico isso porque tanto na Bolívia quanto no Peru encontramos diversos hotéis e pousadinhas que se intitulavam “hostel” mas que, enfim, na verdade não eram. Trata-se de uma forma de atrair os viajantes de um jeito rápido, assim como nos atraiu quando precisamos dormir em algum lugar sem termos pré-reservas.
Chegamos no Pirwa de madrugada, num frio brutal. Fomos recebidos por gringos animados enquanto outros gringos mais animados e bêbados chegaram ao mesmo tempo. Americanos, alemães, dinamarqueses e branquelos não identificados entraram em ritmo de festa enquanto nós fazíamos nosso cadastro, loucos por cama e chuveiro quente. A primeira impressão foi bem legal, mas com a lotação do lugar, tivemos de esperar atééé o horário do check out para que outros turistas saíssem e assim pudéssemos entrar em nossos quartos.
O Hostel, Pirwa
Para passar a noite, tivemos a sorte de haver um quarto grande vazio, e nos amontoamos em quatro pessoas lá dentro (e o hostel é tão acostumado com essas situações que há até redes de dormir em lugares cobertos para acomodar temporariamente quem chega nestas condições. Legal, né?) Dormimos dois na cama, dois no sofá-cama e apagamos de sono e cansaço. Lá pelas 9h da manhã, um belo café nos aguardava, assim como nossos quartos. O problema? Só um dos quartos tinha banheiro dentro, o do Felipe e da Renata. O outro, meu e do Rafa, não.
No começo, não pensamos que seria um grande problema, afinal, tanta gente viaja pelo mundo todo ficando em quarto E banheiro compartilhados, não é mesmo? Então porque raios seria ruim usarmos vez ou outra o banheiro “da galera”? Era limpinho (era mesmo!) e, enfim, também poderíamos usar o chuveiro dos nossos amigos. E, pô, estávamos backpacking para Machu! Glamour zero, e tudo as gringas estilo cheerleader abandonaram a maquiagem – e vou te falar que não eram poucas. Só descobri que elas eram gringas true na noite de Revéillon, quando aproveitamos a balada do próprio hostel e elas surgiram na montação brilhosa.
Mas, como eu disse… No começo. Só no começo. Até eu ter o desprazer de ser surpreendida no meio de um banho. E isso fica para o próximo capítulo.
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ps: e o próximo capítulo não vai demorar para sair, juroprometo, porque já estou escrevendo na sequência. 8)